JOSÉ MARIA ALVES - CURSO BÁSICO DE HOMEOPATIA
Time 2021-10-27 06:08:25Web Name: JOSÉ MARIA ALVES - CURSO BÁSICO DE HOMEOPATIA
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NOTAPRÉVIA
Neste sítio, ainda que com múltiplasdificuldades de edição, iremos plasmar o seu conteúdo, não obstante tenhamos umcontrato com o editor que foi violado de forma grosseira, nomeadamente nãopagando um cêntimo dos direitos deste ede outros três nossos livros a reverter para os Homeopatas Sem FronteirasPortugal, não obstante tenha vendido todos os exemplares. Enfim, o espelho donosso país e deste mundo
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PREFÁCIO - do livro Homeopatia Essencial
Há alguns anos atrás, paralelamenteà minha profissão e animado de ampla curiosidade cultural, dediquei-me aoestudo das medicinas alternativas ou complementares.
Em momento inicial, para o estudo e práticada homeopatia aconselhamos que o estudante esteja munido, pelo menos, dasseguintes obras:
Acresce ainda a MATÉRIA MÉDICA DOS PRINCIPAIS MEDICAMENTOS HOMEOPÁTICOS disponível em
Quando possívele preferencialmente não devemos olvidar que o nosso livro tem a sua estrutura no que toca àrepertorização fundamentada no Repertório de Ariovaldo Ribeiro Filho , O Novo Repertório de Sintomas Homeopáticos,de Ariovaldo Ribeiro Filho, Robe Editorial, São Paulo, ou qualquer uma dasversões digitais do mesmo, bem como de Clarke, A Dictionary of Practical Materia Medica, disponível on-line em www.homeoint.org.
Evidentemente, nada obsta, sendo detodo aconselhável, que o leitor recorra às restantes obras e artigos citados nabibliografia por razões económicas poderá seleccionar aqueles que estãodisponíveis on-line.
A homeopatia é uma terapia, ditaalternativa ou complementar, que envolve uma economia de custos considerávelrelativamente aos custos da medicina alopática chegando a custar cerca devinte vezes menos e tem uma eficácia, em regra sem nocividade,demonstrada por quase dois séculos de prática clínica e de recente investigaçãocientífica, o que torna aconselhável a sua utilização, muito especialmentejunto dos mais desfavorecidos.
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José Maria Alves
Sem comentários: DOUTRINA HOMEOPÁTICA
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PRIMEIRA PARTE DO CURSO DE HOMEOPATIA
NASCIMENTO DA HOMEOPATIA
Hahnemann, nasceu em Meissen a 10 deAbril de 1755, tendo-se formado em medicina no ano de 1779, profissão queexerceu durante vários anos.
Considerando inaceitáveis os métodose a inoperância da medicina clínica[1],abandonou a sua prática em 1789, dedicando-se a traduzir obras médicasestrangeiras.
Após inúmeras experimentações,publicou em 1810, o Organon da Ciência Médica Racional, que a partir de 1819,data da 2ª edição, recebeu o título de Organon da Arte de Curar. Considera-seeste, como sendo o livro basilar de todo o corpo teórico homeopático[3].
A homeopatia é utilizadapraticamente em todo o mundo, existindo três escolas dominantes: Unicismo,Pluralismo e Complexismo. Embora as duas últimas Escolas resultem basicamentede toda a doutrina unicista única Escola puramente Hahnemaniana , amultitude de teorias aditadas aos conceitos básicos promoveu a sua adaptaçãoaos princípios da Medicina Ortodoxa. Existe quem conteste esta distorção dareal doutrina homeopática. De outra parte, defende-se a evolução necessária einelutável da homeopatia em detrimento da perpetuação do purismo exacerbado, quaseimpraticável na actualidade[4].Acreditamos, que em certa medida se podem equilibrar os pratos da balança,empregando os ensinamentos de uma ou outra Escola, em conformidade com aexperiência clínica do terapeuta. De qualquer modo, frisamos que a nossaabordagem clínica é fundamentalmente Unicista[5].
FUNDAMENTO DA HOMEOPATIA
A homeopatia fundamenta-se numtrabalho de natureza científica com cerca de dois séculos, consequência dasinvestigações efectuadas por inúmeros experimentadores que ingeriramsubstâncias em dose não letal e registaram meticulosamente os sintomasproduzidos, e ainda de registos toxicológicos quadros sintomáticos obtidospela ingestão voluntária ou involuntária de substâncias, como o arsénico e observação de curas clínicas.
Com o aumento incessante do númerode medicamentos experimentados, face às limitações humanas no concernente àmemória é praticamente impossível um homeopata dominar cabalmente asmuitas patogenesias descritas , realizaram-se Repertórios, índices desintomas, coligidos das Matérias Médicas ou da mesma forma que estas[7].
A medicina alopática[8]utiliza antídotos a diarreia é tratada com um medicamento que produzobstipação , enquanto que a homeopatia utiliza uma dose mínima dasubstância de modo a que a sua toxicidade seja eliminada , queprovoca o mal que se pretende tratar[9].
A homeopatia enfrenta e assume ocorpo na sua globalidade e os medicamentos têm a função de auxiliar o organismona auto-cura, significando isto que se trata o semelhante pelo semelhante doGrego homos/semelhante e pathos/sofrimento .
São três os grandes princípios dadoutrina homeopática: Similitude, Globalidade e Infinitesimalidade.
PRINCÍPIOS DA HOMEOPATIA
Princípio da Similitude
Foi Hipócrates, no séc. IV a.C.,quem teorizou a partir da observação, que a cura pode ser provocada quer pelalei dos semelhantes quer pela dos contrários.
O simillimum representa semprea esperança de cura do paciente e é o medicamento onde os sintomas totaisapresentados pelo doente encontram correspondência na respectiva patogenesia[13].
Por vezes[14],apenas uma parte do quadro sintomático é encontrada na lista de sintomas do remédiomais adequado disponível na Matéria Médica.
A experiência demonstra que se a leida similitude não for respeitada, os medicamentos homeopáticos são praticamenteineficazes.
Na perspectiva do unicismo nãoexistem remédios equivalentes e portanto, não existem substitutos. Por outrolado, o homeopata não deve misturá-los, deixando à sorte a determinação doefeito a ser produzido no paciente[18].
O Repertório Homeopático, utilizadoconjuntamente com a Matéria Médica Homeopática assistirá o homeopata na buscada substância cuja patogenesia se identifique mais com o quadro sintomático dopaciente.
Os 12 primeiros resultados porcobertura foram:
O simillimum tem um poder decura quase extraordinário e podemos verificar que o doente lhe é extremamentesensível. Quanto mais perfeita for a similitude, como consequência da escolhacriteriosa do medicamento, mais susceptível será o doente aos seus poderescurativos.
Princípio da Globalidade
A Homeopatia encara o ser humano[19]duma forma global e este é estudado na sua totalidade.
Considerando o homem no seu centro,digamos impropriamente, na sua essência, nos chamados sintomas da imaginação[22],biopatográficos ou etiológicos[23],mentais[24]e gerais[25],pode ocorrer que o medicamento escolhido, não tenha presente na sua patogenesiaos sintomas locais[26].Caso isto suceda, não constitui um óbice à aplicação do medicamento, visto queo remédio que cura o doente faculta o desaparecimento dos sinais e sintomasparticulares.
Princípio da Infinitesimalidade
A infinitesimalidade é um coroláriodirecto e imediato da similitude.
- Assubstâncias utilizadas em dose ponderal, podem nalguns casos apresentar um graude toxicidade capaz de maior ou menor agressão ao organismo do paciente, peloque, submetendo-as a diluições sucessivas anulamos os efeitos indesejáveis,enquanto a acção terapêutica se mantém;
- Quantomaior a diluição mais profundo e duradouro é o efeito do medicamento, e isto,desde que correctamente prescrito.
Hahnemann, para além de submeter assubstâncias medicamentosas a sucessivas diluições, dinamizou-as por intermédiode uma agitação vigorosa e rítmica.
Para a realização das sucessivasdinamizações, o prático ou o farmacêutico deve dispor de frascos novos,previamente lavados com água e secos posteriormente.
O remédio homeopático é o resultadode um produto inicial submetido a diluições sucessivas, acompanhadassimultaneamente de agitação e ritmo[30].
Madeleine Bastide e FredericBoudard, procuraram demonstrar num trabalho denominado Investigação Científicaem Homeopatia[32],que esta é uma verdadeira ciência face à eficácia real das dosesinfinitesimais, mesmo quando já não contêm moléculas da substância inicial. Osestudos tendentes a demonstrar que o medicamento homeopático não é um placebo,têm vindo a multiplicar-se com conclusões absolutamente favoráveis.
DOENÇA
A saúde configura-se como um estadode harmonia entre a mente e o corpo, estado esse que pressupõe o equilíbrio,quer das funções cerebrais, quer dos diversos órgãos.
Muito antes da conceptualização daMedicina Psicossomática, aquele afirma que existem doenças psíquicas geradaspor doenças físicas[35]e moléstias orgânicas condicionadas pela persistência de ansiedades,aborrecimentos, irritações, injustiças, medos, mágoas e traumas, que em poucotempo podem destruir a saúde física[36].
Na doença aguda, decorrendo da suaactualidade, os principais sintomas são facilmente individualizáveis,exigindo-se um pequeno esforço do homeopata e do paciente para se delinear oquadro clínico.
Coabitação de doenças
Não deixa de ser frequente, que duasou mais doenças coexistam no mesmo organismo simultaneamente. Caso tal factosuceda, a força relativa das enfermidades é que determina qual prevalecerá.
Iatrogenia
No seio das doenças crónicas surgeum grupo de enfermidades que tem aumentado no decorrer das décadas e que,infelizmente, se assumem como as mais graves e incuráveis das doenças de longaduração. Referimo-nos às doenças iatrogénicas, ou seja, aquelas que sãoproduzidas por acções médico-terapêuticas inadequadas.
Hahneman afirma ser praticamente impossívelproceder à cura de tais enfermidades, após estas terem ultrapassado certa fasedo seu quadro evolutivo[44].
MIASMA[45]HAHNEMANIANO, DIÁTESE[46]OU DOENÇA HAHNEMANIANA CRÓNICA
Diátese é o conceito actual que alémde englobar a doença crónica resultante de acção miasmática a que se refereHahnemann, enquadra o conceito de modo reaccional patológico. Traduz-se assim,numa modalidade reaccional patológica específica dum indivíduo face a umaagressão patogénica indiferenciada. Crê-se actualmente que o conceito de miasmaHahnemaniano se encontra ultrapassado[47]devido ao facto de este não englobar uma série de factores etiológicos decarácter endógeno, nomeadamente a hereditariedade e a adaptação dos geneshumanos. Erradamente, esta perspectiva actual resulta de interpretaçõesrestritivas da obra de Hahneman[48].
Deve referir-se, que a remoção dasuperfície do organismo das manifestações de uma doença miasmática interna,deixando o miasma por curar, é a forma mais usual e prolífica de produzirdoenças crónicas[49].
Hahnemann, constatou que algunsdoentes tratados convenientemente com o remédio simillimum:
- tinhamapenas leves melhorias;
Daqui deduziu que subjacente àpatologia aguda teria que existir uma crónica, que englobou em categoriasdiatésicas, verdadeiras disposições latentes, de causa hereditária ouadquirida, condicionantes do modo de reagir de um organismo, predispondo-o acontrair um certo número de doenças.
Gibson Miller, aluno de Kent,sustentou a necessidade de serem administrados sucessivamente diversosremédios, com o fim das doenças crónicas atingirem a cura.
Se no decurso de uma doença crónicasurgir uma doença aguda banal, deve ser prescrito o remédio mais indicado, masem baixa dinamização, de forma a não interferir ou interferir o menos possívelcom a acção prioritária do remédio de fundo.
Hahnemannn individualizou trêscategorias:
- Psora[52];
Pelos trabalhos de Nebel[55]e Vannier[56],incluem-se outras duas:
- Tuberculinismo[57];
Existindo um número considerável deremédios diatésicos[59],o terapeuta terá de procurar nas suas patogenesias os sintomas do quadropatológico apresentado pelo doente e obtido com recursos que não se limitam aossinais recentes.
Em regra, o simillimum terápropriedades de cura quer no agudo, quer no crónico, mas quando tal nãoaconteça, terão de se receitar sucessivamente vários medicamentos[61],em consonância com a reavaliação constante do paciente e da patologia.
É importante frisar que todos nóssomos polidiatésicos[62]e as diáteses devem ser tratadas na ordem cronológica inversa ao seuaparecimento: primeiro a mais recente, depois a(s) mais antiga(s).
Psora Calcarea Carbonica;
As constituições[66]carbónica, fosfórica e fluórica, que são uma constante dos indivíduos, foramestudadas por Nebel[67]e são determinadas pela observação do esqueleto e da forma do corpo.
Expomos a seguir, ainda quesumariamente, os principais sinais e sintomas das várias diáteses, de forma aque o homeopata possa expeditamente subsumir-lhes o quadro clínico apresentadopelo doente sujeito a observação[68].
PSORA
A psora resulta na sua baseconceptual Hahnemaniana, das sarnas cutâneas. Estas abundavam na época eencontravam-se mal definidas clinicamente. Deste modo, a psora não resultaexclusivamente da sarna mas também de toda uma série de enfermidadesdermatológicas eczemas, dermatoses, dermatites, micoses, etc. .
Etiologicamente, a psora pode serfruto dos seguintes factores:
- Afecçõesdermatológicas suprimidas não é infrequente que uma patologia crónica desteforo, seja aparentemente curada por aplicações tópicas ou sistémicas alopáticase que resulte posteriormente em manifestações psóricas. Qualquerpatologia dermatológica de marcada extensão, constituirá potencialmente uma fontede psora.
No que respeita ao quadrosintomático e de sinais clínicos psóricos:
- Dermatologicamenteapresentam-se manifestações mais ou menos intensas do miasma psórico. O simplesprurido é um sintoma da psora.
Reaccionalmente o psóricocaracteriza-se por:
- Inflamaçõescutâneas.
Modalidades:
- Agravapelo frio ou pelo calor.
SICOSE
No plano etiológico o sicótico sofrepor:
- D.S.T (DoençasSexualmente Transmissíveis).
Os principais sinais e sintomasclínicos são:
- Corrimentosgenitais.
Reaccionalmente o miasma sicóticoevolui:
- Inflamação.
Modalidades
- Agravamediante todas as formas de humidade.
LUETISMO OU MIASMA SIFILÍTICO
Hahneman descreveu-a originalmentecomo sífilis visto resultar etiologicamente de uma infecção pelo TreponemaPallidum. A Lues como é conhecida actualmente reflecte a evolução de uma doença pelochamado cancro duro.
Na etiologia da Lues encontramos:
- Asífilis.
Patologicamente a Lues cobre:
- Os rins.
Sinais e sintomas da Lues:
- Instabilidadede carácter com distúrbios da actividade e agitação.
Modo reaccional:
- Inflamação.
Modalidades:
- Agravamentogeral de todas as patologias à noite.
TUBERCULINISMO
Esta é uma diátese actual,identificada por Nebel e Léon Vannier. É fruto da tuberculose e os seus órgãosalvos são os respeitantes ao aparelho respiratório.
Etiologia tuberculínica:
- Tuberculose.
Fisiopatologicamente a diátesetuberculínica cobre:
- Osaparelhos cardiovascular, genitourinário, respiratório, gastrointestinal.
Principais sinais e sintomas dadiátese tuberculínica:
- Sensibilidadereactiva aumentada a todas as agressões do aparelho respiratório.
Evolução reaccional:
- Inflamaçãopulmonar.
CANCERINISMO
Esta diátese é fruto de estudosrecentes e caracteriza-se como um modo reaccional que pende sobre o risco daoncogénese.
Os factores etiológicos que assistemao cancerinismo são:
- Ahereditariedade.
Como principais sinais e sintomasclínicos desta diátese temos:
- Propensãoà formação de nódulos inflamatórios próstata, gânglios, útero, cólon,seios.
Modo reaccional:
- Inflamação.
Modalidades:
- Agravapelo frio, pelas alimentações excessivamente ricas e por um esforço mentalexcessivo e constante.
Expostas as diáteses homeopáticas,fazemos um reparo a respeito da sua utilização na prática homepática.
SINTOMAS
Os sintomas expressam as tentativasdo organismo em se curar a si próprio.
O que caracteriza no essencial umindivíduo são as suas características mentais, aversões e desejos, comportamento e reacção aos elementosnaturais.
- Ossintomas característicos, individualizam ou caracterizam o paciente no âmbitoda totalidade sintomática, estando geralmente associados a modalidades demelhoria ou agravamento.
- Ospeculiares são sintomas característicos, específicos de alguns medicamentos ex.: o medo da morte com agitação entre a uma e as três horas de ArsenicumAlbum, de apoplexia ao anoitecer de Pulsatilla ou do próprio doente e doseu caso clínico ex.: febre alta sem sede, calafrio com sede de água fria.
- Osraros, como o próprio nome indica, só muito raramente se verificam e norepertório são constituídos por rubricas com um número igual ou inferior a trêsmedicamentos medo de passar por esquinas: Argentum Nitricum eKali-Bromatum.
- Osraríssimos, também denominados Keynotes, encontram-se em rubricas com apenas ummedicamento[75] a sensação como se o corpo fosse frágil, de vidro, de Thuya.
São estes os sintomas que ohomeopata deve investigar escrupulosamente no paciente[76]e que quando presentes, são determinantes para a escolha do medicamento, claroestá, com sujeição prévia a uma hierarquização[77].
Ossintomas mais comuns e indefinidos, tais como tristeza, ansiedade, medo, perdade apetite, sono agitado, desconforto, cefaleias, não merecem em especial anossa atenção, porque são observados em quase todas as doenças e elencam oquadro sintomático de grande número de medicamentos.
Ossintomas gerais, que respeitam ao corpo na sua integralidade, têm um valorsuperior aos locais. Um só sintoma geral, bem marcante, é mais importante que oconjunto de locais ou particulares.
Por outrolado, a importância dos sintomas mentais não pode ser descurada. Os maisimportantes são os que manifestam a vontade e a afectividade do paciente.Depois, vêm os relativos à inteligência, seguidos pelos atinentes à memória.
Há sempreque reconhecer quais os sintomas comuns à doença e os que são característicosdo doente, estes sim de vital importância.
Interrogatório e Exame
Segundo Hahnemann:
- Opaciente fornece uma história detalhada dos seus padecimentos[80].O homeopata anota tudo, iniciando um novo parágrafo a cada sintoma relatado[81],evitando interrompê-lo ( 84 e 85 do Organon).
- Atendeentão a cada sintoma em particular obtendo informações mais precisas[82],sem que formule questões de forma sugestiva ou que possam ser respondidas comum simples sim ou não ( 86 e 87 do Organon).
- Se nospadecimentos voluntariamente mencionados, houver lacunas sobre várias partes,funções do organismo e estado mental[83],o homeopata deve questionar o paciente no que a tal respeitar ( 88 doOrganon).
- Deverátambém anotar tudo o que observar no doente ( 90 do Organon).
- No casode doença crónica[84],há que reconhecê-la na sua forma original, devendo para tanto o doente serprivado por alguns dias dos medicamentos que toma, procedendo-se à anotaçãocuidada das mais pequenas peculiaridades ou sintomas mínimos ( 91 e 95 doOrganon).
- Nasdoenças agudas, não obstante o homeopata tenha de inquirir menos, porquanto ossintomas estão bem presentes na memória do enfermo, deverá ser feito um quadrocompleto da doença ( 99 do Organon).
O nosso modelo de interrogatório foiidealizado visando uma repertorização breve e o mais exacta possível.
A anamnese compreende um períodoprévio em que o paciente mencionará a sua queixa principal e relatará mesmo queparcialmente, a história pregressa da doença.
A todo o momento, o homeopata deveatentar nas características peculiares e únicas do seu paciente. Desde omomento em que entra no consultório até à sua partida, o homeopata temobrigação de constatar todo e qualquer sinal pertinente para a procura domedicamento correcto[86].
No que respeita às fases da anamnese[87]numa consulta de homeopatia:
Queixaprincipal ou relato da história individual[88].
O pacientedeve apresentar uma história o mais detalhada possível da doença.
Interrogatório[90].
Compreende uma série de passos que ohomeopata poderá seguir ou não, dependendo da sua experiência clínica ou atémesmo da sua predilecção por um outro modelo de questionário. Não é forçoso queo bom interrogatório seja tal qual aquele que demonstramos. Pelo contrário,este modelo de interrogatório é meramente indicativo de como se poderáprocessar o questionário aplicado à clínica homeopática.
Dados pessoais
Aqui, incluem-se todos os dadospessoais do paciente tais como: nome, idade, profissão, agregado familiar, etc[91].
Fase interrogatória.
Sobre amente e as ilusões.
Interrogatóriosobre os antecedentes do paciente.
Antecedentesfamiliares[94].
Inspecçãoou exame.
Sinaisvitais[97].
O REPERTÓRIO HOMEOPÁTICO
Hahnemann entendeu desde osprimórdios da sua prática clínica e científica, face ao desenvolvimento ealargamento da matéria médica homeopática, consubstanciada no aumento dassubstâncias experimentadas, a necessidade de criação de repertórios que seconstituíram como índices de sintomas coligidos a partir de registos toxicológicos v.g. a intoxicação voluntária ou involuntária pelo arsénico ,experimentações em voluntários aparentemente saudáveis que começaram porser os próprios homeopatas[100]- e curas comprovadas pela prática clínica.
De Hahnemann[101] a Kent[102], foram publicados inúmeros repertórios destacando-seos de Boenninghausen[103] - The Repertory of Antipsorics (1832);Repertory of the Medicines wich are not Antipsorics (1835); TherapeuticPocket Book (1845) , de Jahr New Manual of Homeopathic Practice(1841) , de Lippe Repertory of the more characteristics Symptoms ofthe Materia Medica (1880) , de Hering Analitical Repertory (1881) e Gentry The Concordance Repertory of the Materia Medica (1890).
Em 1887, Kent fazia publicar o Repertoryof the Materia Medica com 540 medicamentos citados, podendo dizer-se, semexagero, que está na origem de todos os repertórios actualmente utilizados.
Além destes, não podemos deixar denos referir ao Clinical Repertory de John H. Clarke (1853-1931), autor de umaMatéria Médica que demorou dezasseis anos a concluir e que se apresenta comouma das mais importantes para o estudo e prática da Homeopatia[104].
Após longos anos de intensotrabalho, Ariovaldo Ribeiro Filho,publicou em 1996 o Novo Repertório de Sintomas Homeopáticos, estruturado nosprincípios do de Kent.
Mental.
Aos 37 capítulos do Repertório deKent, Ariovaldo fez acrescer cinco Ilusões; Paladar; Bebidas eAlimentícios; Sonhos e Unhas , originários, respectivamente, doscapítulos: Mental, Boca, Estômago e Generalidades, Sono e Extremidades[105].
Os períodos do dia têm a seguintesignificação horária:
Manhã 5 às 9h.
Estão descritas inúmeras referênciascruzadas (Ver... ou ÄVer...), cuja função é a de auxiliaro homeopata na escolha do sintoma e do medicamento correcto, face à afinidade,sinonímia ou analogia de algumas expressões comumente utilizadas.
As abreviaturas mais usadas são:
agr. agravação.
Os medicamentos citados foramdivididos em três graus diferentes:
- Grau I em negrito com valor de três pontos. Sintoma registado pela maioria oupor todos os experimentadores, confirmado em diferentes grupos de experimentaçãoe cuja eficácia foi comprovada na cura de casos clínicos.
REPERTORIZAÇÃO
A repertorização é o modo pelo qualo homeopata, transformando a linguagem do paciente no que aos sintomas do casorespeita, em linguagem repertorial, obtém um maior ou menor número demedicamentos ordenados por cobertura ou pontuação.
É fundamental entender-se que aprescrição só será correcta e coroada de sucesso se o homeopata estiverhabilitado a destrinçar os sentidos de rubricas similares ou quase similares.Para tal, deve ler amiúde as rubricas do Repertório, percorrendo-o sem qualqueroutra intenção que não seja conhecê-lo. Este manuseio atento, permitir-lhe-á eminúmeras situações, realizar uma cuidada repertorização, com sintomas bemdefinidos e modalizados, preservando a linguagem empregue pelo paciente,limitando a utilização de sinónimos repertoriais que se susceptibilizem dealterar o sentido ao relato que o paciente fez durante a anamnese.
Apontamos deseguida, sumariamente, os métodos de repertorização mais utilizados:
- RepertorizaçãoMecânica ou por Extenso;
Repertorização Mecânica ou porExtenso
Repertorização com Sintoma Director[111]
Este método compreende duas fases:
É denominado como método artístico.
Pode-se efectuar uma variação sobre estemétodo, que compreende a utilização dos medicamentos resultantes darepertorização como sintomas directores aos quais vão ser aditados outrossintomas apresentados pelo paciente para ulterior análise repertorial. Trata-senada mais do que a combinação do método de Repertorização pela S.M.V.M com ométodo de Repertorização com Sintoma Director[113].
EXPERIMENTAÇÃO
As Matérias Médicas têm por principal fontea experimentação[114].
Hahnemann ressaltava que a investigação datotalidade ou quase dos poderes medicinais das substâncias, passavapela ingestão em jejum de 4 a 6 glóbulos da trigésima potência peloexperimentador, humedecidos com um pouco de água, mantendo-se este regimedurante vários dias[118].
MATÉRIA MÉDICA
AMatéria Médica é um registo de sintomas, contendo o resultado dasexperimentações em organismos sãos, dos envenenamentos voluntários ouinvoluntários e da prática clínica, sendo complementar do Repertório na medidaem que é auxiliada por este na escolha final do medicamento.
- Puras.
Nas primeiras, os sintomas de cadamedicamento são relatados na linguagem própria do experimentador[125].
TRATAMENTO
Hahnemann escreveu que para um tratamentoconveniente, após anotação dos medicamentos por cada sintoma apresentado pelopaciente, devemos ser capazes de distinguir aquele que cobre a maioria dossintomas, especialmente os mais peculiares e característicos[129].
Caso surjam efeitos acessórios importantesdurante a acção de um medicamento imperfeito, não se permitirá que a acçãodeste se extinga. Pelo contrário, proceder-se-á a nova repertorização, destavez englobando o novo universo sintomático. Este processo é vicioso até quese complete a cura integral do enfermo.
Se o simillimum for encontrado,qualquer dose será suficiente para a cura, desde que inexistam barreirasdiatésicas. Se estas existirem terão de ser cuidadosamente investigadas a fimde serem debeladas, nomeadamente por intermédio de antídotos e nosodos, sem quese olvide, como exaustivamente temos vindo a referir, as leis da similitude.
Hahnemann preconizava que em determinadascircunstâncias a utilização de medicamentos complementares é não só benéfica,como necessária para a obtenção de cura[133].
Na dificuldade do simillimumperfeito ser encontrado, Hering enunciou uma regra segundo a qual sãosuficientes três sintomas bem indicativos, para que se estabeleça a escolha deum bom medicamento, como são suficientes três pés para que um banco estejaequilibrado[134].
Não podemos, na maior parte dos casos,esperar do medicamente homeopaticamente imperfeito uma cura integral, já que nodecorrer do tratamento podem surgir sintomas acessórios[135]de alguma monta, que implicam o traçado de um novo quadro da doença[136]e a prescrição de um novo medicamento.
Como já foi referido, por vezes, aprescrição do medicamento imperfeito despoleta o surgimento de novos sintomasou revela sintomas antigos, levando o homeopata a uma reavaliação do caso e àprescrição do simillimum perfeito ou do medicamento mais adequado àsituação do enfermo.
MEDICAMENTOS
Fundamentalmente, as substânciasmedicamentosas utilizadas pela farmácia homeopática, são de origem animal,vegetal ou mineral[140].
Astinturas mãe, são preparações líquidas resultantes da acção dissolvente dumveículo alcoólico nas substâncias de origem vegetal ou animal.
O remédio mais usual é constituído porgrânulos de lactose que são impregnados com a diluição que lhes dá adenominação verbi gratia, 5ª CH (centesimal); 9ª CH; 15ª CH; 30ª CH.
Os medicamentos homeopáticos possuem umpadrão energético ou vibratório, cuja influência se repercute na força vital doorganismo promovendo a sua cura.
PRESCRIÇÃOE POSOLOGIA
Encontrado o Simillimum, há que determinara:
- Diluição;
Nesta matéria, a prática do homeopata é anorma que o deve conduzir[148]e as considerações que se seguem devem tomar-se como meramente indicativas.
Quanto mais alta a diluição e maior asimilitude do medicamento seleccionado, mais prolongada no tempo será a acçãomedicamentosa[150].
Os pacientes idiossincrásicos sãoparticularmente sensíveis a qualquer tipo de diluição homeopática, logo, asreacções adversas ou a acção medicamentosa susceptibilizam-se de perdurarem notempo, inclusive nas baixas diluições e em circunstâncias de similitude imperfeita.
O medicamento não deve ser repetidoenquanto o paciente ainda estiver a beneficiar dos efeitos da dose anterior[151].Só quando a acção do remédio estiver esgotada, deve o mesmo ser repetido.
A utilização simultânea de medicamentos nãose traduz numa cura mais célere e pode atrapalhar a escolha da diluição, doseou a frequência de administração[153].
A frequência com que o medicamento éadministrado, em regra é directamente proporcional ao número da diluição[154].
Na presença do simillimum, pareceque todas as diluições são curativas, no entanto, quanto mais alta a diluiçãomaior a probabilidade de uma cura permanente.
Atente-se que as altas diluições não devemser ministradas a doentes incuráveis ou hipersensíveis. Os primeiros acabam pordepauperar, enquanto os segundos adquirem os sinais patogenésicos domedicamento.
Quando a similitude é grande, podemsubir-se as diluições, mesmo nos quadros agudos, o que obriga ao espaçamentodas doses ex: 15 ou 30 CH [155].Tratando-se de uma doença aguda ou crónica com similitude muito imperfeitadevem utilizar-se baixas diluições ex.: 5 CH. De qualquer modo, oconceito de alta e baixa diluição depende, como já foi referido, da experiênciaclínica do homeopata.
Nos casos crónicos, podem ministrar-sealtas diluições ex.: 30CH; 200 CH , aguardando-se que o efeito doremédio termine[156]para eventual repetição[157]ou então, uma diluição média de modo contínuo, aumentando-se progressivamente apotência ou a dose.
Na perspectiva da Escola Pluralista, emcasos agudos domínio orgânico ou lesional , recorre-se a baixasdiluições (5 CH); nos quadros subagudos domínio funcional adiluições médias (5 a 9 CH); e nos casos crónicos muito especialmente naesfera mental empregam-se as altas diluições (superiores a 9 CH).
Como já foi discutido no capítulo referenteaos medicamentos, estes podem apresentar-se sob a forma de gotas, grânulos ouglóbulos[159].
- Se em 5 CH, duas, três ou mais vezes pordia;
A dose de glóbulos existente nomercado com tal denominação pode ser substituída por 18 grânulos tomadosde uma só vez:
- Se em 15 CH, uma vez por semana.
As gotas são vertidas sublingualmente, oudissolvidas em água pura 1 gota por colher de água.[161]
EFEITOSDOS MEDICAMENTOS
O fenómeno do agravamento é facilmentecompreensível se recorrermos aos princípios que enformam a prática homeopática[162].
Na doença aguda, um suave agravamentohomeopático, observado na primeira ou primeiras horas é sinal que a doençacederá[165].Mas, a agravação homeopática não se constitui como fenómeno obrigatório, amenos que a doença seja grave.
Numa enfermidade de carácter lesional leve,o agravamento homeopático é de curta duração e bastante forte, limitando-se nocaso de doenças agudas de instalação recente, à primeira ou primeiras horas[168].
Léon Vannier e Jean Poirier, consideram queo agravamento medicamentoso não se pode produzir, se não utilizarmos tinturasmãe, tivermos o cuidado de intercalar um dia de repouso de vez em quando podeser um dia por semana no decorrer da administração de diluições médias,não repetir uma alta diluição antes que a sua acção esteja esgotada e porúltimo, se garantirmos a drenagem perfeita do organismo.
Neste particular, damos agora em síntese, oprocedimento homeopático tendo em vista as situações que ocorrem ou podemocorrer na prática clínica, fundamentadas nas leis e teorias expendidas porHahnemann, Boenninghausen, Hering, Kent e Miller.
PRIMEIRO CONTACTO COM O DOENTE
Nome, endereço, telefone.
Cor dos cabelos e dos olhos.
Causa da morte dos familiares mais próximosou afastados, tanto do lado paterno quanto materno, ou ainda as doençascrónicas que apresentaram durante as suas vidas: tuberculose, asma, cancro,tumores, erupções, doenças de pele, venéreas, ou quaisquer outras crónicas.
Pedir ao doente que conte a história dadoença que o atormenta.
APRIMEIRA PRESCRIÇÃO
Na primeira prescrição, o homeopata devetomar em conta a totalidade dos sintomas, afastando deliberadamente a práticade receitar tendo por base um único sintoma ou sinal, mesmo tratando-se de umKey Note.
Face a um caso crónico, que searrasta há longos anos, o simillimum só deve ser receitado quando ohomeopata disponha de elementos suficientes para erradicar a doença. Istopoderá acontecer na segunda consulta, talvez na terceira. Até lá, se o pacienteestiver intoxicado por medicamentos alopáticos, receitar-se-lhe-á Nux Vomica,ou se tiver sido alvo de inúmeras vacinações, Thuya. Poderá considerar-se naausência destas duas situações a possibilidade de ser ministrado Saccharum Lactis, sem qualquerdinamização.
Entendendo-se conveniente, no fim daprimeira consulta, entregar-se-á ao paciente um questionário Kent elaborouum questionário exaustivo, que entregava aos seus pacientes.
DEPOISDA PRIMEIRA PRESCRIÇÃO
Poderá ser este o momento em que o simillimumvai ser receitado, caso não o tenha sido na primeira consulta.
Deve assinalar-se a data da toma doprimeiro remédio.
A partir daqui são múltiplas as situaçõesque podem ocorrer. Analisemos sinteticamente cada uma delas.
APÓSO SIMILLIMUM
- O paciente AGRAVA:
AGRAVAÇÃODO ESTADO GERAL DO PACIENTE Esta agravação corresponde a uma diminuição evidenteda alegria, boa disposição, actividade, em suma, um declínio evidente do estadode saúde.
AGRAVAÇÃODOS SINTOMAS DA DOENÇA Agravação dos sintomas causa directa da consulta.
Agravação aguda e curta, seguida de umamelhoria rápida Estamos perante um bom prognóstico. O doente pode curar-se ou ter uma recaídaao fim de algumas semanas. Neste último caso, repetir o remédio. Atente-se queuma boa agravação não deve ultrapassar três dias.
Agravação longa seguida de lenta melhoria Uma agravação devárias semanas, a que se seguem pequenos sinais de melhoria, indicam-nos umpaciente esgotado, de baixa vitalidade. Devemos evitar a repetição continuadado remédio, sob pena do doente correr riscos desnecessários.
Agravação longa seguida de um declínio doestado geral Estamos perante um doente incurável. A opção é desistir do simillimum que apenas o depauperará e ministrar pequenos remédios de acção curta epouco profunda, de carácter paliativo.
Agravação a que se segue o retorno desintomas antigos Estamos perante um prognóstico excelente. No máximo, ao fim de um mês ossintomas antigos desaparecem. Se tal não ocorrer, teremos de pensar numasegunda prescrição.
O paciente MELHORA:
MELHORAO ESTADO GERAL E LOCAL - O doente tem uma cura rápida.
MELHORAMOS SINTOMAS DA DOENÇA Melhoria dos sintomas causa directa da consulta.
Melhoria rápida seguida por agravação Partindo doprincípio que estamos perante o simillimum, então o paciente éincurável. Se não for o simillimum, o remédio limitou-se a exercer umaacção meramente paliativa.
Melhoria na direcção errada O sintomainicial desaparece, mas surge um novo bem mais grave. Como exemplo, podemoscitar o desaparecimento de uma úlcera da perna, surgindo em seu lugar umahemoptise. Estas situações aparecem em regra quando o homeopata se limita aprescrever com base nos sintomas locais olvidando a totalidade sintomática. Háque reavaliar o caso, considerando o actual quadro sintomático.
Melhoria com reacção tardia A reacçãotardia a que se referem alguns autores, surge entre o 15º e o 26º dia após serministrada a dose, tendo uma duração aproximada de 15 dias.
APARECIMENTODE NOVOS SINTOMAS Quando surge um novo sintoma, precisamos de discernir se se trata de um:
Sintoma patogenésico - Consultando-se neste caso para identificaçãoum Repertório (v.g. Kent, Ariovaldo Ribeiro Filho), ou uma matéria médicaexaustiva (v.g. Clarke, Allen). Tratando-se de tal, acabará por desaparecer empoucas semanas, podendo prescrever-se S.L., evitando-se qualquer outraintervenção.
Sintoma do quadro evolutivo da doença Aqui, ficaremoscertos que o remédio prescrito não é o simillimum, face aodesenvolvimento do quadro patológico, urgindo uma reavaliação do caso.
Sintoma mais grave do que o inicial - Já vimos estasituação (Melhoria na direcção errada).
Sintoma menos grave que o inicial Se segue adirecção da cura homeopática, o prognóstico é bom. Um eczema facial quedesaparece e surge numa perna (do alto para o baixo); Uma úlcera quedesaparece, surgindo uma erupção numa perna (de dentro para fora); Desapareceuma úlcera surgida em 1998, depois uma arritmia com inicio em 1997 e por fimdores erráticas nos membros que se arrastavam desde 1992 (os sintomasdesaparecem na ordem inversa do seu aparecimento).
Sintoma antigo que retorna Também jáanalisado supra (Agravação a que se segue o retorno de sintomas antigos).
A melhora dura um tempo normal, mas surgeum novo conjunto de sintomas Esta situação conduz a uma novaprescrição, que por sua vez conduz ao aparecimento de novos sintomas e assimsucessivamente, enquanto o doente enfraquece progressivamente. Em princípio,tratar-se-á de doente incurável.
O paciente NEM AGRAVA NEM MELHORA Neste particular é necessário aprofundarcautelosamente as inúmeras possibilidades atinentes à ausência de êxito:
Pode acontecer que tenha sido esquecidaem sede de repertorização a causa etiológica dos padecimentos, cujaimportância em sede de casos crónicos é fundamental.
Que a narração dos sintomas seja inexacta, obrigando a umareavaliação do caso.
A existência de barreiras medicamentosas ouinfecciosas anteriores que impedem a acção do remédio, tais como,vacinação, blenorragia.
Taras hereditárias, tais como,blenorragia, sífilis, tuberculose, cancro, o que nos levará à aplicação denosodos.
Abuso de alimentos ou produtos de elevadatoxicidade,como chá, café, bebidas alcoólicas, tabaco, drogas.
Abuso de medicamentos alopáticos. A intoxicação épor vezes tão grande que se torna imperativo receitar o antibiótico,ansiolítico, antidepressivo, corticóide, anestésico, etc. homeopaticamentediluído e dinamizado, na 15ª ou 30ª centesimal (CH).
Má preparação do remédio. Como em tudo, nemtodos os laboratórios são fiáveis.
Remédio mal tomado. Os remédios devemser tomados longe das refeições, directamente debaixo da língua, sem contactocom os dedos ou diluídos em água pura.
Dinamização inapropriada. É fundamentalencontrar a dinamização a que determinado paciente responde: uns são sensíveisa uma 9ª CH, enquanto outros necessitam de uma 200 CH ou mais.
Ausência de reacção. Pode ocorrer umaausência de reacção por parte do doente. Quer no Repertório de Kent, quer no deAriovaldo, encontramos uma rubrica consagrada a este género de carência.
Por outro lado temos de estaratentos ao facto de que alguns remédios agem mais rapidamente que outros. Emcasos crónicos, a sua acção pode manifestar-se apenas 30 dias após a toma,enquanto que nos agudos, teremos de ter uma resposta imediata ou nas primeirashoras.
AREAVALIAÇÃO
Seo estado geral do paciente for excelente, o homeopata só muito excepcionalmentedeverá modificar a medicação.
RELAÇÕES CLÍNICAS DOS MEDICAMENTOS[170]
Namatéria médica existem muitos medicamentos incompatíveis, ou seja, queministrados antes ou após um do outro, destroem os seus efeitos, por via deacção contrária. A validade desta regra depende do facto do primeiro remédioadministrado ter tido alguma influência no caso.
Os antídotos são essenciais em homeopatia edestroem os maus efeitos do remédio ministrado, na maior parte das vezes porprescrição incorrecta. Antidotam os efeitos químicos no decurso deenvenenamentos ou os efeitos indesejáveis ocasionados pelo emprego da droga.
Há ainda medicamentos, que exigem umcuidado especial na sua prescrição.[172]
JoséMaria Alves
[1] A terapêutica ao tempo de Hahnemann orientava-se peladoutrina dos humores as doenças eram provocadas pelos maus humores ,que eram purificados através de sangrias, vomitivos, purgas e clisteres.
[2] Ver experimentação.
[4] Discordamos profundamentedesta perspectiva na medida em que privilegie a celeridade em detrimento daanálise cuidada e exaustiva que deve presidir a qualquer método tendente à curado paciente encarado como um todo.
[5] Com utilização obrigatóriado Repertório Homeopático, como infra melhor se especificará.
[6] Verbi gratia: Matéria Médica Pura, S. Hahnemann; ACyclopaedia of Drug Pathogenesy, Hughes Dake; The Encyclopaedia ofPure Materia Medica, T.F. Allen e The Guiding Symptoms of Our MateriaMedica, Hering.
[7] É de realçar pela suaimportância o Repertório de Kent.
[8] Medicina pela qual se efectuam tratamentos comremédios que produzem efeitos diferentes dos da doença a tratar.
[9] O café que impede oudificulta o sono à maioria dos indivíduos, é utilizado em doses homeopáticas dosesmínimas para combater a insónia.
[11]Trata-se de uma diluição homeopática que retira atoxicidade ao medicamento, estimulando concomitantemente as capacidadesreacionais de auto-cura do organismo.
[12]Dose forte, mas não letal. Verifica-se aqui um efeitode dupla face do medicamento. Como já anotámos, o café que em dosesponderais provoca a insónia, vai curá-la quando altamente diluído.
[13]Conjunto de efeitosdesencadeados por um remédio.
[14] Talvez na maior parte dasvezes.
[15] Organon 162.
[16] A Escola Pluralista, tambémconhecida por Escola Francesa, utiliza vários medicamentos simultaneamente ouem intervalos de tomas.
[17] A Escola Complexista ouEscola Alemã, utiliza em regra, os complexos, constituídos por váriosmedicamentos combinados na mesma solução excipiente.
[18] Organon 119. Para que sepossam conhecer os efeitos dos medicamentos, impõe-se que só seja receitado umde cada vez. Só assim se poderá avaliar a reacção do doente ao medicamento.Caso se efectue a prescrição de uma maior quantidade de remédios, à avaliaçãodos efeitos produzidos no paciente acresce a dificuldade de determinar qual dosmedicamentos homeopáticos está a produzir um efeito real e benéfico no enfermo.Com os complexos homeopáticos a prescrição simplifica-se, pelo facto de osmedicamentos serem estudados alguns já se encontram patenteados acerca de50 anos para patologias específicas. Pecam por se reportarem àspatologias num quadro teórico transportado e adaptado aos princípios daMedicina Ortodoxa, violentando o princípio fundamental de que em homeopatia nãohá doenças, mas doentes.
[19] Ou o animal, já que existeuma Medicina Homeopática Veterinária.
[20] O equilíbrio do sistemaorgânico integral resulta da interacção entre os vários sub-sistemas.
[21]Actualmente, pelo menos em território Europeu,tende-se à utilização da homeopatia mediante os princípios da MedicinaOrtodoxa. É inelutável, que o contributo da prática médica ortodoxa é de umvalor inestimável para a homeopatia, embora não seja fundamental, mas otransporte ou impregnação do corpo teórico da Homeopatia pelo da MedicinaOrtodoxa só faz com que se passe a ver a doença em detrimento do doente. Ocomplexismo é utilizado maioritariamente de acordo com as patologias tal comosão conhecidas na Medicina Ortodoxa. Tal facto, embora não possa permitir que aescolha do medicamento, por muito criteriosa que seja, determine a perfeitacura do paciente só quando se escolhe o medicamento visando o doente e nãoa doença é que se pode ter maior certeza de promover a cura e orestabelecimento do enfermo , permite uma rápida actuação no quadrosintomático imediato, facultando alívios que propiciam no tempo, a ulteriorpesquisa do simillimum. Mas é de não esquecer, que embora a utilização doscomplexos homeopáticos possa ser aliciante pelo pragmatismo e rapidez deprescrição, o que se cura, ou tende a curar, é o doente e não a doença.
[22] Que englobam as sensações, sonhos, ilusões edelírios.
[23] Envolvem os transtornos causados por acontecimentos,traumáticos ou não.
[24] Medo, depressão, ansiedade, astenia, agitação,inquietude, memória, cognição, capacidade de valoração dos factos,inteligência, entre outros.
[25]Sede, apetite, transpiração, sono, fezes, urina, etc.
[26]Por exemplo, quisto no ovário esquerdo.
[27] É ilusória a percepçãodaquele que só vê as partes.
[28] Perfeito ou imperfeito.
[29] De referir as Korsakovianas, que podem atingir ovalor de 100.000 100.000 K , que são prescritas fundamentalmente parasintomas mentais.
[30] Este processo intitula-se de dinamização.
[31] Entre a 9ª e a 12ª, atentasas diferenças de peso molecular de cada substância.
[32] Veja-se Revista Port. Farm. Vol. XLIV, nº3 1994.
[33] Para Bastide e Boudard, tratar-se-ão de sinaiselectromagnéticos de reduzida intensidade sinais não moleculares veiculadores de informações sob a forma de imagens de patologias patogenesia do medicamento , espelhos da sintomatologia apresentada pelopaciente, inteligíveis para o organismo deste, que apresenta a peculiarcaracterística de negativizar o seu próprio quadro sintomático.
[34] Hahnemann considera comoforça vital a vida que anima um ser vivo. Toda a globalidade psicossomática daentidade viva estruturada no interior de um invólucro, que sem os compostos queo animem, nada mais é que um cadáver.
[35] Organon 225. Para estes casos, preconiza comotratamento, o homeopático antipsórico ver Diáteses , associado a ummodo de vida cuidadosamente regulado.
[36] Organon 225. O doente aparentemente curado porintermédio do simillimum, deve ser submetido a um tratamento antipsóricoradical a fim de que jamais caia em tal estado de doença mental.
[37] Organon 149.
[38] Organon 253. Um aumento do conforto, da serenidadee de certo modo, da alegria com retorno ao estado natural de equilíbrio, é umíndice seguro de melhoria.
[39] 36 do Organon. Não se verifica uma aniquilação daenfermidade mais recente, mas sim, uma total inabilidade desta em penetrar noorganismo.
[40] 38 do Organon.
[41] Força Vital.
[42] 39 do Organon. ANatureza não consegue curar uma doença com a instalação de outra, mesmo quemais forte se a nova doença for diferente daquela já presente no organismo.
[43] 45 do Organon.
[44] 75 do Organon.
[45] Emanações que outrora eram consideradas,erradamente, como causadoras de doenças e que provinham de detritos orgânicosem decomposição ou de doenças infecto-contagiosas e cujos efeitos se podemassemelhar, em parte, à acção microbianano organismo. Embora esta seja a definição que comumente se pode encontrar numdicionário, a realidade doutrinária homeopática subjacente ao conceito é muitomais vasta do que aquela que a mera descrição linguística pode denunciar.Efectivamente, Hahneman empregava o termo miasma no mesmo sentido com que ele édefinido actualmente, mas a sua conceptualização do fenómeno miasmático erabastante mais abrangente do que a priori se pode pensar. Das palavras doOrganon pode depreender-se, que para Hahneman, miasmas são estigmas deinfecções contraídas e suprimidas num passado remoto pelos nossos ancestrais.Estes estigmas são perpetuados pela linha genética, condicionando o modoreacional de um organismo, que pode apresentar uma predisposição particularpara contrair certas doenças e manifestar determinada realidade sintomática.Este eminente fundador homeopata, desconhecendo os actuais conceitos de genética,microbiologia, virologia e bacteriologia, desenvolveu um corpo doutrináriocapaz de explicar a perpetuação na linhagem genética de marcas resultantes deinfecções bacteriológicas, e explica inclusive, as micromutações cromossómicasque sofremos ao longo das décadas ou séculos e que reflectem as adaptações aosmeios patológicos. Na realidade é mais fácil perceber as inequívocasmacromutações adaptações aparentemente estáveis, que a nossa espéciesofreu ao longo de milénios, do que as transformações que os seres experimentamnum espaço de tempo circunscrito a algumas décadas ou séculos.
[46] Diátese é um conceito que surgiu com a EscolaPluralista, correspondendo à doença hahnemaniana crónica.
[47] Principalmente devido àsrecentes concepções das Escolas Pluralistas que o consideram lacunar.
[48] Da leitura atenta docapítulo do Organon referente aos miasmas, depreende-se que Hahneman acreditavanuma perpetuação dos efeitos miasmáticos. O 81 do Organon denuncia queHahneman não descurou embora não conhecesse o conceito de hereditariedade e demicromutação dos genes nos organismos vivos face a agentes patogénicosexógenos.
[49] Organon 202/205. A supressão de um eczema nacriança pode conduzir a ulteriores crises asmáticas. Hahnemann defendia que nãose devia aplicar nas enfermidades locais, crónicas ou agudas, externamente,qualquer remédio, nem mesmo o homeopático correcto (Organon 194; 195). Esteconceito Hahnemaniano, embora teoricamente correcto, deve ser interpretado àmedida da experiência clínica do homeopata, dos efeitos das diversassubstâncias ou remédios no organismo, da patologia em causa ou daidiossincrasia do enfermo. A aplicação tópica de uma pomada de Arnica para umtraumatismo físico recente, dificilmente terá complicações no organismo dopaciente.
[50] Não confundir esta situaçãocom aquela que pode surgir com administração do simillimum imperfeito. Aqui, opaciente é acometido por novas patologias e não por sintomas acessórios como sepoderá constatar mais adiante.
[51] Cada uma das categorias engloba os pacientes cujareacção patológica é análoga, independentemente do agente agressor.
[52] A Psora derivará de uma intoxicação crónica endógenaou exógena .
[53] A Sicose, das consequências negativas das vacinações v.g. a antivariólica , blenorragia mal tratada e de todos osprocessos mórbidos repetitivos e rebeldes.
[54] O Luetismo é uma modalidade reacional do organismo emface de agentes agressores diversos, caracterizada por manifestaçõessemelhantes à da infecção provocada pelo Treponema palidum. Nos temposantigos a sífilis era considerada a causa da Luese.
[55] Nebel exerceu Medicina Homeopática na Suíça, tendooptado pela Escola Pluralista.
[56] Em 1946 publica Os tuberculínicos e seu tratamentohomeopático, e em 1952 Os cancerínicos.
[57] Conjunto de manifestações físicas e psíquicas, bemcomo orientações mórbidas gerais imprimidas ao organismo por uma tuberculoseque remonta a uma ou mais gerações.
[58] Forma nativa que susceptibiliza o organismo nadirecção do risco oncológico.
[59] Ao lado de Sulfur, os medicamentos principais daPsora são: Arsenicum Album, Lycopodium e Nux Vomica. A Calcarea Carbonica é omedicamento constitucional e o nosodo é o Psorinum. (Constituição é um conceitoessencialmente pluralista).
[60] Os que constituem o modo reacional daquele paciente.
[61] Mas apenas um de cada vez. Recordamos que as EscolasPluralistas preconizam a utilização simultânea de vários medicamentos e que asComplexistas misturam várias substâncias na mesma solução excipiente. Embora aprática clínica possa indicar a existência de resultados favoráveis mediante aparticular prescrição terapêutica destas duas Escolas, aconselhamos a que osprincípios basilares da homeopatia sejam inteiramente respeitados, até que aexperiência clínica pessoal alicerçada os conteste.
[62] As diáteses puras ou quase puras só surgem empediatria.
[63] Um mínimo de três, é o número requerido para que hajaidentificação diatésica.
[64] Organon 103.
[65] Os nosodos são produtos patológicos tecidulares ouextraídos de secrecções mórbidas de origem vegetal, animal ou humana, diluídose dinamizados segundo as técnicas da farmácia homeopática, administrados a partirda 6ª diluição decimal.
[66] O conceito de constituição tem o seu domíniopraticamente limitado à Escola Pluralista.
[67] Que elaborou também a teoria da drenagem.
[68] Para o estudo desta matéria, é fundamental a obra:As diáteses homeopáticas, de Max Tétau, Editora Andrei, 1998.
[69] Síndrome DisfóricaPré-Menstrual.
[71] Se um doente apresenta todos os sinais maiscaracterísticos do Arsenicum Album v.g., medo da morte com agitação eexaustão, agravamento periódico dos sintomas, dores sentidas com sensação dequeimação, agravamento nocturno por volta da meia-noite e os sintomas dadoença aguda estão delimitados num outro medicamento, deve ser aquele e nãoeste a ser prescrito.
[72] Hahnemann terá respondido certa vez a um paciente queo inquiriu sobre a sua doença e prescrição homeopática: O nome da suadoença não é problema meu, e o nome do medicamento que lhe dou não é problemaseu.
[73] Um sinal característico é o que caracteriza,desculpe-se a redundância, o paciente e que em regra não é comum à doença.
[74] Ver Repertorização.
[75] Alguns homeopatas quando constatam num paciente aexistência de um sintoma raríssimo, procedem sem mais à prescrição dessemedicamento. No entanto, tal procedimento é contrário aos princípios dadoutrina homeopática. A função do Keynote deve ser meramente indicativa eauxiliar do diagnóstico diferencial.
[76] Clarke afirmava que se um paciente lhe dissesse Háuma coisa que não sei se lhe devo contar, doutor, não descansava enquanto estenão lhe contasse de que realmente tratava a tal coisa ReceituárioHomeopático, Editorial Martins Fontes, pág. 68 . Pesquisava assim, ossintomas mais peculiares e absurdos.
[77] Alguns sintomas são mais importantes que outros edevem ser valorizados, quer em sede de repertorização, quer de prescrição. Ahierarquização que atribuímos aos sintomas relevantes pode traduzir-se noesquema seguinte:
Sintomas etiológicos: Transtornos por...; Todos os factores desencadeadoresdo quadro sintomático actual.
Mentais
Gerais:transpiração, sono, sede, apetite, febre, características das eliminações, etc.
Locais:cabeça, peito, estômago, etc.
Sintomas extraídos da história clínica: transtornos funcionais comuns e patognomónicos e lesões orgânicas.
Nota:Os sintomas pertencentes ao grupo II deverão ser sempre bem modalizados. Estegrupo, aonde for aplicável, pressupõe a inspecção, ou exame físico, levado acabo pelo homeopata.
[78] A Síndrome Mínima de Valor Máximo é constituída por 3a 5 sintomas caracterizadores da individualidade do paciente, inscritos emrubricas com um número médio de medicamentos entre 50 a 80 , comoveremos infra.
[79] A soma de todos os sintomas em cada caso individualde doença deverá ser a única indicação, o guia isolado para nos orientar quantoà escolha de um determinado remédio ( 18 do Organon). O simillimum resulta dacomparação entre os sintomas da doença, os sinais do doente e os sintomas dosmedicamentos exibidos nas matérias médicas.
[80] Deve descrever exactamente o que sente e de quesintomas está mais ansioso de se libertar. Se for acompanhado, as pessoas que orodeiam relatam as suas queixas, o seu comportamento e o que percebem nele,enquanto o homeopata vê, ouve e observa o que há no doente de fora do comum (84 do Organon). É necessário que o homeopata não se deixe induzir em erro pelosrelatos das pessoas que possam acompanhar o enfermo (98 do Organon).
[81] Quando se relacionam os sintomas um abaixo do outro,é-nos permitido escrever ao seu lado os remédios que os produzem conformeindicação repertorial. Tanto Clarke como Boeninghausen, prescreviam, em regra,ao paciente o medicamento que correspondesse ao maior número de sintomas.
[82] O homeopata interroga-o sobre a localização da dor ousensação, do horário em que ocorre, como agrava ou melhora, etc.
[83] Deve-se procurar traçar um perfil psicológico dodoente.
[84] Ver Diáteses.
[85] A modalidade homeopática determina em quecircunstâncias melhora ou agrava o sintoma ou a totalidade sintomática dopaciente. São as modalizações que tornam o sintoma característico.
Alimentares: agravações oumelhoras por efeito de determinados alimentos ou bebidas.
[86] Esta perspectiva global do paciente compreendeinúmeros aspectos que serão discutidos na parte respeitante ao interrogatóriopropriamente dito, embora se destaquem alguns de compreensível importância:aspecto do paciente, movimentos, gestos com a face, modo de falar, grau delucidez mental, odor, etc.
[87]Segundo o Dicionário determos técnicos de Medicina e Saúde de Luis Rey: Reminiscência, recordação.Relato feito pelo paciente (ou alguém responsável por ele) sobre os antecedentes,detalhes e evolução da sua doença até ao momento do exame médico; históriapregressa da doença. Num sentido mais lato, o conceito de anamnese englobaa fase de interrogatório propriamente dita. Embora não resultem de relatoespontâneo por parte do paciente, os sinais recolhidos por via deinterrogatório desde que o homeopata não sugira as respostas ao doente assumem por defeito a validade desintomas.
[88] Os dados recolhidos durante esta fase devem-no ser nalinguagem do paciente, já que as patogenesias foram originalmente escritas nalinguagem corrente empregue pelos voluntários das experimentações. Revelar-se-áinfrutífero e contraproducente tentar empregar uma linguagem mais erudita outécnica nos relatórios e fichas clínicas dos doentes.
[89] O factor etiológico ou biopatográfico é o acontecimento que originou o estadopatológico. Pode ser hereditário causa diatésica , ter origem física exposição ao frio húmido ou frio seco ou psicológica desgostode amor, ciúme, medo ou pânico .
[90] Este deve ser efectuado com base nos sintomas que opaciente não aprofundou ou que sejam dúbios para o homeopata. Proceder-se-á hárecolha de dados que consolidem e especifiquem a narração do paciente (87 e89 do Organon). O bom interrogatório, também depende da atenção dada apormenores, ou factores predisponentes do quadro patológico, que o paciente nãomencionou por embaraço, indolência, falta de disposição ou esquecimento e que o homeopata já conhece como essenciais a um diagnóstico fiável ecorrecto, especialmente em sede de doença crónica (93 e 94 do Organon).
[91] Podem-se preencher estes dados logo à chegada dopaciente ao consultório atitude mais corrente , permitindo que estedescontraia e se familiarize com o homeopata e o espaço da consulta.
[92] Aqui se incluem todos osórgãos nobres abrigados na região abdominal: baço, fígado, intestinos, vesículabiliar, etc.
[93] Aqui se incluem asmodalidades de agravamento ou melhora mais gerais.
[94] Os antecedentes familiarescompreendem: falecimentos, patologias e estados mórbidos dos ascendentes ecolaterais do paciente.
[95] Estes englobam:antecedentes patológicos e tóxicos, imunizações, alergias medicamentosas,outros tipos de alergia, tratamentos actuais. Não convém descurar os factorespsicológicos que de alguma forma possam ser categorizáveis como antecedentespessoais.
[96] Neste momento questiona-sea paciente sobre: menarca, menopausa, ciclo menstrual duração e frequência, dispareunia, dismenorreia, síndrome pré-menstrual, incómodos pélvicos,leucorreia odor, cor, consistência, quantidade , gravidezes abortos,vivos , partos cesarianas , tratamentos hormonais econtraceptivos.
[97] Inclui: pulso, temperatura,pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória.
[98] Nesta fase podemavaliar-se: constituição fluórico, carbónico, fosfórico , nutrição normal,caquexia, magreza, desnutrição, excesso de peso, obesidade , estadosensório estupor, confuso, alerta, obnubilado ou outros dados pertinentes, postura e atitude colabora, não colabora, etc. , hidratação normal,desidratação leve, moderada ou grave , perfusão palidez, cianose , desenvolvimento ósseo e muscular normal ou anormal .
[99] Os restantes sinaisrecolhidos na fase de exame podem-se associar a determinadas questões doperíodo de interrogatório que se susceptibilizem de confirmação empírica.
[100] Kent e alguns dos seusalunos experimentaram cerca de 28 medicamentos.
[101] Fragmenta de ViribusMedicatorum Positivis in Sano Corpore Humano Observatis, obra composta pordois volumes, em que o primeiro expõe a patogenesia de 27 medicamentos e osegundo pode ser qualificado o primeiro repertório de sintomas dispostosalfabeticamente, com referências aos constantes no primeiro volume.
[102] Kent nasceu em 31/03/1849,obtendo o diploma em medicina aos 25 anos. Converteu-se à homeopatia noseguimento da cura operada por um prático homeopata na sua segunda mulher einiciou os seus estudos lendo o Organon de Hahnemann. Para além dum Repertóriocom 1423 páginas, foram publicados entreoutros, Lectures in Homeopathic Philosophy e Lectures on Homeopathic MateriaMedica.
[103] Boenninghausen nasceu em12/03/1785, na Holanda, licenciando-se em Direito em 1806. Possuía uma culturadiversificada, que abrangia a botânica, a agricultura e a medicina. Em 1828, umamigo que se havia tornado homeopata, cura-o de uma tuberculose quando as suasesperanças de vida já tinham terminado. A Homeopatia ganhou assim um adeptofervoroso e Hahnemann o mais dedicado discípulo, que produziu um intensotrabalho literário.
[105] É fundamental para acompreensão da sua estrutura e funcionamento o estudo da parte introdutória daobra páginas 19; 20; 21 e 22 .
[107] Ex: Medo de aranhas 1medicamento; Medo de sair fora de casa 2 medicamentos. Como já sedisse, é desaconselhável a prescrição baseada em Keynotes, cuja função deve sermeramente indicativa e (ou) sugestiva.
[108] O ideal serão as rubricasque compreendam entre 50 a 80 medicamentos. Aquelas que possuam mais ou menosmedicamentos servirão como orientadoras da repertorização.
[109] Como veremos adiante, aspatologias agudas facilmente vicariam progressivamente tornando-se crónicas.Cremos que na coexistência de um quadro com queixas de carácter agudo e crónico,se deve dar primazia à cura dos sintomas agudos, já que, o que importa é o bemestar imediato do doente. De qualquer modo, a cura a longo prazo não deve serignorada, e a acção medicamentosa escolhida pelo homeopata dirigida igualmentepara a supressão da enfermidade crónica.
[111] Considera-se como SintomaDirector aquele que é o principal de um caso e que limita a pesquisarepertorial dos restantes sintomas aos medicamentos que o englobam nas suaspatogenesias.
[112] Referimos ainda a constituição do SintomaDirector através de dois outros métodos para além daquele em que se emprega osintoma simples. O primeiro, refere-se à elaboração do Sintoma Directormediante a soma de dois ou três sintomas marcantes do caso ... como nocaso de rubricas afins importantes e que possuam poucos medicamentos . Nosegundo método, já não são sintomas que se somam, mas sim rubricas marcantes eindubitáveis que se cruzam, geralmente duas ou três. Estas possuem um númerorazoável de medicamentos (mais de 50) e são: ... todas igualmente importantes,indispensáveis, sem relação directa de afinidade e que seriam utilizadas emalgum momento da repertorização. (Ariovaldo Ribeiro Filho, Conhecendo oRepertório Praticando a Repertorização, Editora Organon, páginas 165 a167).
[115] 108 do Organon.
[116] 141 do Organon.
[117] 107 do Organon.
[118] 128 do Organon.
[119] Alimentos nutritivos esimples como: ervilhas frescas, vagens, cenouras. Abstenção de saladas, raízes,sopas de vegetais, bebidas alcoólicas, café, chá entre outros ( 126 doOrganon).
[120] Evitando os conflitospsicológicos, a exaustão física e mental ( 126 do Organon).
[121] 130 do Organon.
[122] 116 do Organon.
[123] 117 do Organon: Istosignifica que a pessoa apresenta uma constituição física especial, queconquanto sadia, possui uma disposição de ser levada a uma condição patológicamaior ou menor por certas coisas que parecem não produzir qualquer impressão oualteração na maioria dos indivíduos. Essa influência parece actuar apenas empequeno número de constituições sadias; tais agentes, no entanto, deixam a suaimpressão em todo o organismo sadio. Isto pode ser demonstrado quando eles sãoutilizados como remédios homeopáticos, visto serem eficientes em todos osdoentes com sintomas semelhantes aos que eles parecem produzir apenas noschamados indivíduos idiossincrásicos.
[124] Não queremos com isto dizerque se deve decorar ou memorizar a Matéria Médica. Deve-se saber manuseá-la eentender a sua estrutura. A memorização resulta e surge com os anos de práticaclínica.
[125] Ex: Matéria Médica Purade Hahnemann.
[126] Ex: The Encyclopaedia of Pure Materia Medica Allen.
[127] Ex: Dictionary of Practical Materia Medica J.H. Clarke. A matéria médica de Clarkesintetizou os conhecimentos patogenésicos de Allen, os clínicos e toxicológicosde Hering, bem como os conhecimentos adquiridos pelo autor durante décadas deexercício clínico.
[128] É inegável que existemmedicamentos cuja amplitude de acção é enorme.
[129] Preâmbulo da Matéria MédicaPura.
[130] Aquele em que somente umaparte dos sintomas da doença sob tratamento é encontrada na descrição dapatogenesia, mas que se afigura como o mais adequado entre todos os que seencontram em apreciação diferencial ( 162 do Organon).
[131] Denominam-se sintomasacessórios do remédio não totalmente adequado ( 163 do Organon).
[132] É sempre necessário fazerum esforço no sentido de se encontrar o medicamento que produza artificialmenteos sintomas ou a doença e que imite com a maior perfeição possível os dodoente.
[133] Hahnemann, não defendia autilização simultânea de medicamentos ( 273 do Organon) e embora preconizassea utilização alternada de substâncias não o fazia em número excessivo. Infelizmente,faz-se utilização abusiva da quantidade de medicamentos que se ministram a umpaciente na tentativa de curar as suas enfermidades. Crê-se que o empregoconcomitante de um grande número de medicamentos, aparentemente complementares,pode solucionar o quadro patológico com maior rapidez. Frequentemente, o quesucede é que pela adopção desta postura, de pseudoceleridade, o homeopataincorre na inconsequência de empregar medicamentos antagónicos ou de nãoconseguir controlar a acção que cada um exerce no organismo do paciente. Deixade saber quais os medicamentos que produzem sintomatologia acessória e ocontrolo da evolução da cura pode ser comprometida. Resta ainda o risco daiatrogenia. ( vide a esterespeito o 274 do Organon ).
[134] Regra do tripé.
[135] Sintomas não previamenteobserváveis na doença que podem ser moderados, sempre que a dose do medicamentoseja suficientemente diminuta ( 163 do Organon) ou graves, impondo nestaúltima circunstância a reapreciação do caso ( 167-168 do Organon).
[136] Acrescentando-se aossintomas originais os recentemente surgidos.
[137] 170 do Organon.
[138] Se a doença se inicia comuma cefaleia, seguida por náuseas e vômitos e por fim febre, será este últimosintoma o primeiro a desaparecer, depois as náuseas e vômitos e por fim, acefaleia.
[139] Se durante o tratamento ossintomas físicos desaparecem, prevalecendo um estado mental alterado, haveráque desconfiar da escolha do medicamento e reavaliar o caso clínico.
[141] Inexistindo uma matériamédica que contenha as patogenesias de todos eles.
[142] São as centesimais queutilizamos na nossa prática clínica.
[143] Estas doses únicas deglóbulos podem ser substituídas pela ingestão de 12 grânulos.
[144] A forma líquida permite umpequeno acréscimo de dinamização a cada toma.
[145] Têm-se empreendido váriosestudos sobre a constituição e acção da medicação homeopática, mas a comunidadecientífica internacional considera os resultados destes estudos inconclusivos eprecários.
[146] 155 do Organon. Escreveuainda ( 29 do Organon): Uma doença artificial semelhante e mais forte é postaem contacto e ocupa o lugar da natural, semelhante e mais fraca. A força vitalé então compelida instintivamente a dirigir grande quantidade de energia contraessa doença artificial. Devido à duração mais curta da acção do agentemedicinal que agora afecta o organismo, a força vital logo sobrepuja a doençaartificial. Como na situação inicial o organismo já fora aliviado da doençanatural, ele é finalmente libertado da artificial medicamentosa e pode entãoprosseguir de maneira sadia.
[147] Mesmo o vegetal.
[149] Os unicistas usam em regraas altas diluições.
[150] 277 do Organon.
[151] 246 do Organon.
[152] 247 do Organon. Aalteração das doses ou da potência nas tomas sucessivas em casos crónicos éfundamental. Explicamos agora, que a cada dose ingerida, o medicamentohomeopático vai-se deparar com a força vital, não no seu estado original, massim alterada pela acção da dose anterior. Deste modo, uma dose do medicamentodinamicamente similar à anterior, não produzirá efeitos terapêuticos porque aforça vital se encontra expectante face a nova potência ou dose. O quadro dopaciente poder-se-á deste modo manter ou até mesmo agravar.
[153] Frisamos que esta é a nossaperspectiva e a dos unicistas puros. Caso o leitor enverede por uma doutrinapluralista este conceito susceptibiliza-se de adaptações interpretativas.
[154] Nasaltas diluições o espaçamento entre a administração das doses deve seraumentado.
[155] Na doença aguda podempreferir-se as baixas diluições ministradas a pequenos intervalos, inversamenteproporcionais à intensidade dos sintomas ex: de 24 em 24 horas; em hora; em de hora e até de 5 em 5minutos , espaçando-se as doses em função das melhoras.
[156] O efeito dos medicamentoshomeopáticos no tempo, depende do próprio medicamento, do paciente e dadiluição. Pode dizer-se, grosso modo, que em média as doses baixas até 5CH têm um efeito de cerca de 4 horas, as médias 5 CH e 9 CH de1 dia, e as altas superiores a 9 CH de uma semana ou mais.
[157] Só se repetirá a dose casoos sintomas melhorem ou se mantenham inalteráveis. Caso surjam sintomas acessóriosou o quadro clínico agrave dever-se-á proceder à reavaliação da prescrição.
[158] Deve também estar atento aofacto de que a repetição continuada de uma substância pode gerar uma doençamedicamentosa grave iatrogénica , cuja única possibilidade de cura ouminimização sintomática é o recurso a substâncias antídotas.
[159] Existem ainda as pomadas eos unguentos, estes de fabrico mais recente do que as outras formasmedicamentosas.
[160] É de referir que estaposologia é meramente indicativa e depende de todos os factores acimamencionados, mas a excepção depende da regra e esta é determinada pela formaposológica que mencionamos.
[161] Todos estes valoresveiculados pela escola pluralista são meramente indicativos.
[163] 156 do Organon.
[164] Que se graves e muitoincomodativos terão de ser antidotados.
[165] 158 do Organon. É dereferir que qualquer agravamento deve ser acompanhado de uma sensação de bemestar geral demonstrada pelo enfermo. Salienta-se que independentemente daagravação experimentada, o quadro mentaldo paciente deve ser positivo e indicador de melhoras.
[166] 23 do Organon.
[167] 159 do Organon.
[168] 161 do Organon.
[169] 161 do Organon (...) Quando se empregam no combate a uma enfermidade de longa duração, remédios deacção duradoura, não deve surgir tal piora caso o medicamento cuidadosamenteescolhido for dado na dose adequada. Em tais circunstâncias qualqueragravamento só surgirá no final do tratamento quando a cura já estiver quaseque completamente terminada.
[171] Se um medicamento deixar defazer efeito, devemos procurar o que lhe sucede com êxito. No Dictionary ofPractical Matéria Medica de John Henry Clarke, encontramos na maior parte dassubstâncias descritas um item denominado Relations Relações Clínicas, donde constam nomeadamente:
Comparaçãoentre medicamentos.
[172] Ver cuidados especiais deprescrição, na terceira parte deste livro.
José Maria Alves
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